Cara, a oferta de LIVEs no Instagram, Facebook, Youtube e afins é enorme. Tem live de todos os tipos, para todos os gostos e para todas as paciências rs.

É muito bonito ver como Grupos, Comunidades, Paróquias e algumas pessoas individualmente têm se colocado à disposição para proporcionar bons momentos de oração, partilha da Palavra, Adoração, dentre outras experiências.
São lives de meia hora até 3, 4, 5 horas de duração, quase se equiparando às LIVES dos Sertanejos brasileiros. E como é bom ver que as pessoas têm pra onde recorrer.
Eu mesmo trabalho num lugar que tem proporcionado de missas a terços, de adorações à partilhas com psicólogos e/ou coaches.
Mas a pergunta que me fica é: tudo bem que a galera se diga impactada por tão bons conteúdos, mas, como fica o depois?
Publicamente muita gente tem feito potentes experiências com o Sagrado, com o próprio Deus. Mas e depois? O que fica após aquela experiência digital? Ou simplesmente para-se ali e se espera por mais uma LIVE para ter uma nova experiência?
É claro, muito dificilmente vamos ver alguém que conduz uma LIVE, dizendo ao fim da mesma: “Saia um pouco do digital, se prostra diante do Senhor que está presente aí na tua Igreja Doméstica e peça a Ele para que todo o conteúdo dessa LIVE chegue ao mais íntimo do teu coração!”.
O que mais ouvimos é: “AMANHÃ TEM MAIS! Não perca! Amanhã Deus fará muito!”.
Bom, me aventurei um pouco por um dos pais da Igreja, Santo Ambrósio de Milão, para refletir um pouco sobre a necessidade do SECRETO e da experiência com Aquele que habita em nós.
Ele diz o seguinte:
Em primeiro lugar, onde deves orar? Paulo parece dizer uma coisa e o Senhor outra. Será que Paulo pode ensinar algo contrário aos preceitos de Cristo? Certamente não! Por que razão? Porque ele não é adversário, e sim intérprete de Cristo. Com efeito, ele diz: “Sede meus imitadores, assim como eu o sou de Cristo” (1Cor 4, 16; 11,1). O quê então? Podes rezar em todo lugar e rezar sempre no teu quarto. Tu tens o teu quarto em todo lugar. Mesmo que estejas entre os pagãos ou entre os judeus, sempre tens em todo lugar o teu segredo. O teu quarto é o teu espírito. Mesmo que estejas no meio do povo, conservas, no entanto, dentro do homem o teu lugar fechado e secreto!
E continua:
Tu, quando rezas, entra em teu cubículo (…) Que tua oração, portanto, não saia apenas dos teus lábios. Põe toda atenção do teu ânimo, entra no íntimo do teu peito, e entra aí todo inteiro. QUE AQUELE A QUEM DESEJAS AGRADAR NÃO TE ENCONTRE NEGLIGENTE. Que Ele veja que rezas de coração, para que, rezando de coração, Ele se digne ouvir-te.
E finaliza:
Quando rezas, não fiques gritando, não espalhe a tua oração, nem te vanglories no meio das pessoas: reza secretamente em ti mesmo, seguro de que Aquele que tudo vê e tudo ouve, pode te ouvir em segredo, e “reza então ao teu Pai escondidamente”. De fato, “Aquele que vê o que está escondido” (Mt 6, 6) ouve a tua oração.
Fonte: Coleção Patrística – Ambrósio de Milão (Editora Paulus)
Com isso, não quer dizer que não podemos rezar fervorosamente, online, em grupo, pela TV, por áudio… Mas que, mais importante que tudo isso, é no escondimento, encontrar-se com Aquele que se esconde dentro de nós.
Não vamos DIGITALIZAR nossa experiência com Deus, mas vamos trazer a experiência do digital para a VIDA REAL, vivendo fora das telas grandes ou pequenas, aquilo que talvez você tenha aprendido nelas.