Tenho meditado muito a respeito da relação do brasileiro com a política. Mas não sobre voto, sobre relação mesmo.

Veja só:
Heloísa Bolsonaro (nora do presidente da república) teve um aborto espontâneo. Aqueles que são contra o presidente (e esse é um direito: ser contra), comemoraram o acontecimento nas redes sociais e ainda disseram que era uma resposta do destino, por conta das atitudes do chefe máximo do Brasil.
Pense só. As pessoas estão comemorando um ABORTO ESPONTÂNEO, a morte de um bebê, simplesmente porque não gostam do avô da criança.
Mas não é só isso!
Também esse mês fomos surpreendidos com a notícia de que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, está com câncer no estômago.
Qual foi a reação dos que politicamente são contra o político? Comemoraram!
E você se lembra também, das mortes da esposa e do neto do ex-presidente Lula? Quantas pessoas comemoraram, destilaram veneno ou disseram “é resposta do universo”.
Que tristeza é pensar que os brasileiros agora não se detém apenas a escolher bem seus candidatos, mas passam a amaldiçoar aqueles que são contrários às suas convicções políticas.
Que ridículo é isso! Como podemos comemorar a doença e a tristeza de alguém simplesmente porque ele não pensa como eu?
Crise
A menor crise do Brasil é a econômica. A maior crise desse país é a crise moral/ética, pois mais do que escolher apenas quem pensa na sua minoria, o brasileiro abre guerra contra aquele que não é do seu grupo político.
A guerra é na base da ridicularização, do desejar o mal, da alegria pela tristeza do outro, por amaldiçoar o mandato do outro e pela infantilidade em não aceitar aquele que foi eleito pela maioria dos seus compatriotas.
Até os católicos
Sabe o que é mais triste ainda em tudo isso? É que eu tenho visto muitos católicos, dentre eles, pregadores e lideres de pastorais, unindo-se a essa ridícula atitude de comemorar os fatos tristes da vida dos políticos e de se colocar como modelo de santidade quando na real, não rezam nem pelo sucesso de seu país.
É preciso que o nosso cristianismo vá além da religiosidade. O amor aos inimigos é um amor heroico que deve ser vivido também nessas situações. É preciso viver a empatia, a caridade, a compaixão.
Eu não preciso me colocar como amigo e ser falso a me aproximar, mas preciso ter compaixão daquele que sofre, independente de suas escolhas pessoais, pois além das escolhas, existe uma dignidade que é própria de todo filho de Deus, a qual eu e você não temos direito de tirar de ninguém.
Papa Francisco
Termino com uma fala do Papa Francisco sobre rezar pelos políticos e que também é tema do vídeo dessa semana no Geração Eleita:
“Tenho certeza que não se reza pelos governantes, ao contrário: poderia parecer que a oração aos governantes seja insultar-lhes (..) Quem de nós rezou pelos governantes? Quem de nós rezou pelos parlamentares? Para que possam ir de acordo e levar adiante a pátria? Parece que o espírito patriótico não chega à oração; mas sim às desqualificações, ao ódio, às brigas, e termina assim. Portanto, quero que em todos os lugares as pessoas rezem, levantando as mãos puras para o céu, sem raiva e sem polêmicas” (Papa Francisco, homilia na Casa Santa Marta – 16/09/2019).