Mater Populi Fidelis: o que a nova Nota Doutrinal realmente diz sobre Maria

Mater Populi Fidelis

Nas últimas horas, os “teólogos de Instagram” entraram em polvorosa com o lançamento da Nota Doutrinal Mater Populi Fidelis, publicada nesta terça-feira, 4 de novembro, pelo Dicastério para a Doutrina da Fé. O documento trata de alguns títulos marianos relacionados à cooperação da Virgem Maria na obra da salvação, especialmente os de Corredentora e Medianeira.

A reação foi imediata. Muitos, sem sequer ler o texto na íntegra, passaram a atacar o Papa Leão XIV, alegando que o Dicastério teria publicado a nota para “agradar protestantes” ou diluir a doutrina católica sobre Maria. A verdade, porém, é bem diferente.

O que a Igreja realmente disse

É fato que talvez o documento não fosse absolutamente necessário, afinal, quem invoca Maria como Corredentora ou Mediadora não pretende colocá-la no lugar de Cristo, único Redentor. Todo católico sabe que Maria foi a primeira redimida e a mais fiel colaboradora do Senhor, totalmente submissa à vontade divina.

A Mater Populi Fidelis deixa isso claro: não revoga nenhum dogma mariano. Pelo contrário, reafirma a maternidade espiritual da Virgem, sua intercessão poderosa e sua colaboração singular na obra de Cristo. A nota recorda que “a participação de Maria na obra salvadora de Cristo está atestada nas Escrituras” (n. 5) e que ela foi prefigurada desde o Gênesis como “a mulher que participa da vitória definitiva contra a serpente”.

O documento também cita o Concílio Vaticano II, que ensina que “Maria não foi usada por Deus como instrumento meramente passivo, mas cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens” (n. 13).

Maria, sempre em Cristo

O ponto central da Mater Populi Fidelis é a reafirmação de que toda cooperação de Maria é subordinada a Cristo. Ou seja: ela participa da obra redentora de modo singular, mas nunca paralelo ou independente. O texto adverte que o uso do título Corredentora pode gerar confusão, pois corre o risco de “obscurecer a única mediação salvífica de Cristo”.

Isso não diminui Maria, ao contrário, a coloca em seu verdadeiro esplendor: aquela que, por pura graça, foi associada de modo íntimo e livre ao mistério da salvação. A mulher que esteve de pé aos pés da cruz, unindo sua dor ao sacrifício do Filho, e que continua a interceder por nós como Mãe dos fiéis e Mãe da Igreja.

Uma visão equilibrada e fiel

Em resumo, a Mater Populi Fidelis não retira nada da dignidade de Maria. Ela apenas recorda o essencial: Cristo é o único Redentor e Mediador, e Maria, a mais perfeita colaboradora, nos conduz a Ele. A nota reafirma o valor da devoção mariana autêntica, aquela que nasce do Evangelho e sempre nos leva de volta a Jesus.

Maria continua sendo a Mãe de Deus e nossa Mãe, Imaculada, Assunta ao Céu, sempre Virgem e Rainha dos Santos. Seu lugar de honra foi dado pelo próprio Deus, e nenhuma nota doutrinal poderá diminuí-lo.

Que Ela, a cheia de graça, interceda por nós e eduque o nosso coração para reconhecer em tudo a ação salvadora de Cristo.

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