No dia 4 de abril, tive a alegria de participar da Cabine de Imprensa do filme “Jorge da Capadócia”. A sessão aconteceu no escritório da Paris Filmes, empresa do ramo que está distribuindo os episódios da 4ª Temporada de “The Chosen – Os Escolhidos” em todo o Brasil e que fará o mesmo com “Jorge da Capadócia” que será lançado no próximo dia 18.

Preconceito vencido pela qualidade
É claro que, infelizmente, por se tratar de um filme nacional, cheguei à sessão munido de todos os preconceitos possíveis, ainda mais por ser um filme religioso. Mas, graças à qualidade de tudo, sim, de tudo, meus preconceitos foram frustrados e eu saí de lá falando sobre o filme para todo mundo.
“Jorge da Capadócia” impressiona pela qualidade da fotografia, do enredo, da trilha sonora, da locação… de tudo! Claro, o longa não contou com megaprodução como os filmes e séries dos grandes streamings, mas fez milagre em cenas com muita luta, sangue e, claro, com a presença do dragão.
Falando no dragão, não daria pra fazer um filme sobre São Jorge sem que esse ser mitológico aparecesse. Mas o interessante é que cada um pode interpretar aquele grande ‘animal’ da sua forma. Eu, por exemplo, percebendo a luta do santo, sua fé e pelo que ele batalhava, entendi o dragão como a “idolatria” vencida por Jorge através de seu martírio e de sua escolha pelo Deus verdadeiro.
Um enredo surpreendente
A vida de São Jorge é envolta de muitas lendas. É daqueles santos que dificilmente conseguiremos, cem por cento, distinguir a verdade da história criada. Mas o longa dirigido e protagonizado por Alexandre Machafer traz um enredo que passa pela vida familiar, uma amizade mais forte que a morte e os milagres feitos em vida pelo santo.
Algo muito bacana é a forma como mostra que antes de ser um ‘grande santo’, Jorge foi homem como todos nós, tendo que vencer suas crises de fé, passando pelo luto e pelas desilusões. O testemunho de fé de Jorge nos comove e nos faz acreditar que a santidade é possível, cada um tendo sua luta, sua prova e sua batalha diária.
Três personagens, além de Jorge, merecem muito destaque aqui no texto, mas não vou falar muito para não dar spoiler: Octávio (conselheiro de Diocleciano, vivido por Ricardo Soares), Kyra (mãe de Jorge, vivida por Cyria Coentro) e Paulo (amigo de Jorge, vivido por Augusto Garcia). Todos eles são fundamentais para o desenrolar da história. Mas isso não quer dizer que os três eram boas pessoas rs.

Entrevista com os atores
Um dia após assistir ao filme, tive a alegria de, junto com meu companheiro de trabalho Flávio Campos, representando a Aliança de Misericórdia, entrevistar o diretor e protagonista de “Jorge da Capadócia”, Alexandre Machafer e o ator e produtor de elenco Ricardo Soares, que dá vida ao vilão Octávio (pronto, já revelei quem dos 3 citados é o ruim rs).
A entrevista foi online e extremamente bem-humorada.
Claro que minha primeira pergunta para o Alexandre tinha que ser sobre o seu time de coração, visto que São Jorge é padroeiro do Corinthians. E sim, Alexandre é corinthiano. Inclusive, há alguns dias, houve uma ação de divulgação do filme antes de um dos jogos do time na NeoQuímica Arena.
Robson Landim – Por que São Jorge e quais foram as fontes para a produção do longa, visto que são muitas as lendas sobre o santo?

Alexandre Machafer – É algo muito pessoal, tá? É algo muito de devoção, de tudo que eu sempre acreditei, das formas que eu encontrei para enfrentar os meus dragões, sejam os dragões internos ou externos da nossa batalha do dia a dia. Vem de uma devoção, de um desejo de realizar algo que eu pudesse colocar arte, que eu pudesse contar uma história e que traria muito orgulho não só pra mim, mas para nós brasileiros, para podermos contar essa história no mundo todo.
Eu visitei vários países, estive na Turquia, na Capadócia diversas vezes para entender como era a visão de cada país, de cada pessoa, e é completamente diferente da nossa visão, de como a gente enxerga a fé um do outro, e como a gente enxerga essa imagem desse ‘cara’ matando o dragão. É bem diferente! Mas uma coisa está muito ligada, que é essa força, que é a resiliência, que é a gente não desistir nunca. Então vem realmente desse desejo de realizar esse filme, e graças a muitas pessoas incríveis eu pude realizar.
Sobre as fontes históricas… nós tivemos diversos historiadores, mas ficamos preocupados também com essa relação, mas nossa preocupação foi de como a direção de arte construiria aqueles cenários. Como a figurinista pensaria numa armadura… E sem um orçamento elevado, sem uma grana alta para podermos pensar numa grande produção como um todo, tivemos que ser bem sucintos. E a pesquisa foi muito profunda não só do personagem, mas de como seria tudo. Estaríamos na Capadócia, falando português, um ‘carioqueix’ (com chiado rs)… Mas, de fato, ele está no imaginário de todo mundo. O importante é que nós conseguimos lançar isso e estamos conseguindo contar a história desse ‘cara’ com quem quase todo mundo se identifica.
Robson Landim – Ricardo, você faz um ótimo vilão (Octávio) e cumpre o papel de sair odiado. Olhando para você, não vemos nem ‘cara de debochado’ como tem o Otávio. Como foi, para você, a construção desse personagem que não está descrito em nenhuma fonte histórica? (o melhor aqui foi o Alexandre se acabando de rir rs).

Ricardo Soares – Eu sempre parto, na construção dos personagens, do que o roteiro me dá como elemento, seja numa rubrica ou no que outro personagem está falando sobre o meu. E no roteiro do Matheus Souza (roteirista) tinha muitas menções assim e isso me ajudou. E nesse processo da construção, eu lembro que numa das conversas com o Alexandre, nossa caracterizadora chegou com a proposta ‘eu queria o Octávio careca’, e aí eu falei ‘bom, que bacana, vamos tentar’. Mas ela também falou que queria tirar também minha sobrancelha. Aí eu disse ‘Alexandre, pelo amor de Deus, a sobrancelha não’. E aí juntando isso a figurino, ao trabalho de arte e ao cenário, isso foi me dando elementos para compreender o corpo do Octávio, como ele ia andar por aqueles lugares.
É uma época de muita brutalidade onde a vida das pessoas está sempre por um fio, você pode ser torturado, você pode ser assassinado e ele também, apesar de estar num alto posto dentro do Império. E tendo ele esse título de um cara sábio do Império que tudo conhece, foi me dando a oportunidade de fazer o Octávio com certo cinismo de um cara que está ali atento, medindo, calculando cada pessoa que ele encontra, para que ele se antecipe se perceber alguma coisa que esteja acontecendo de errado, para que ele consiga resolver e isso não venha contra ele.
Eu fui, então, nesses detalhes para poder trazer essa vibe um pouco maligna dele, mas de alguma forma, trazendo uma humanidade, pois ele acaba se deparando com uma força, que é o Jorge, uma força poderosa, que ele desconhece. Ele é tão sábio, mas não sabe de onde vem o poder desse homem que não sucumbe nunca. Isso vai gerando certa curiosidade no Octávio de querer compreender essa força para, de repente, em algum momento, conseguir dominá-la. Mas ele vai entendendo que isso não está próximo dele. E como isso vai ficando cada vez mais difícil, ele vai ficando cada vez mais apavorado, pois ele entende que o Diocleciano pode acabar com ele a qualquer momento.
Mais sobre o filme
Você pode ler mais sobre essa entrevista no Site da Aliança de Misericórdia, no texto escrito pelo Flávio Campos com mais informações históricas sobre o santo.
“Jorge da Capadócia” chega aos cinemas brasileiros no dia 18 de abril e merece ser assistido, de forma especial, por todos os católicos devotos do santo guerreiro. Conhecer a vida de um santo é conhecer a vida do próprio Cristo que, naquele eleito, transbordou amor e misericórdia.
Um agradecimento especial à Kolbe Arte Produções que está colaborando com a divulgação do filme e que nos convidou para a Cabine de Imprensa e para a entrevista com os atores.
São Jorge da Capadócia, rogai por nós!
Veja o trailer:


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